sexta-feira, 2 de maio de 2008

O levante do Astro-Rei


Acredito que todos cultivem as mesmas profundas dores existenciais, e são elas que criam os verdadeiros questionamentos universais: “Quem sou eu?”, “O que motiva a vida?”, “Qual caminho seguir?” E as mais gerais e corriqueiras das hesitações: “Por que eu não estudei mais para aquela prova?”, “Por que eu não liguei pra ele(a) no dia seguinte?”, “Por que eu não pedi desculpas para meu/minha pai/mãe/irmã(o)/namorado(a)?, “Por que eu não bebi menos?”, “Por que eu não comi mais daquela lasanha?”

Do existencialismo não devemos tomar emprestado apenas a injustificabilidade do ser, a impotência das ações, o peso da solidão e da imutabilidade das tragédias. A complexidade de existirmos consiste na liberdade do indivíduo, do poder (ainda que admita-se limitado) de intervenção na realidade e da consciência exasperada de MUDANÇA.

Parece medíocre ficar cultivando a culpa e o remorso na essência do ser, uma vez que cada amanhecer é uma oportunidade divina de construir, refazer, ir além. A chance de viver nos é entregue a cada levante do Astro-Rei: a permissão de vivenciar outra experiência diversa daquela que nos trouxe sofrimento.

A aurora com o seu peculiar aroma faz com que o frescor da pós-madrugada seja uma chance de analisar os excessos cometidos ou sabiamente cometê-los. O orvalho tem o sabor da renovação e paralelo a sensação de purificação que invade cada ser, proporciona o enlevar da esperança através do alcance dos mornos raios da antemanhã. O sol que clareia faz enxergar até aos mais céticos e pessimistas que existe uma força maior que nos envolve, e pretende que nos preenchamos da mais irrestrita felicidade.

A nossa existência é uma correlação dos chavões mais óbvios. E qual a razão de tantos problemas? Não captarmos a mais inequívoca das mensagens: Todo dia nos é dada a oportunidade de fazer TUDO diferente. Sorrir sempre! Olhar para o espelho a cada dia que começa e pensar: “Eu quero é ser feliz!”. Esquecer da espinha que surgiu, do cabelo que insiste em não se acalmar, dos quilos a mais ou a menos. Deixar a vida acontecer.

Parece hipocrisia, impostura, fingimento ou falsidade de qualquer pessoa que sofre pensar assim. Que sofrimento é esse que nos deixa tão serenos e equilibrados? A beleza da vida consiste nessa capacidade que nos é dada de "virar a página" ao final do dia. Esse é o verdadeiro exercício diário do ser feliz. Não levar agruras de um dia para o outro, não acumular dores, frustações e amarguras. Purificar-se, renovar-se e buscar SER, já que a existência que nos é imposta é, na verdade, uma dádiva. Incontestavelmente, ser feliz é melhor do que estar feliz. O movimento problematizador do ser e o eixo central das nossas vidas devem convergir para uma harmonização do ser, a tranquilização da alma pretendida que deverá propiciar a formação do trinômio perfeito: Esperança-Felicidade-Existência.


NAMASTÊ!